terça-feira, 15 de janeiro de 2008

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Filmes brasileiros
Antes filmes brasileiros ligados a temas sociais é que faziam sucesso. Agora a temática presente nos filmes que têm tido grandes bilheterias é a temática das drogas. Tem sido assim com Cidade de Deus, Carandiru, Tropa de Elite e, agora, com o bastante interessante Meu nome não é Jonhy.

Assisti ao filme na semana de estréia e gostei muito. Se o tema é pesado, conta a história, baseada em fatos reais, de um jovem de classe média (representado por Selton Melo) que mora em um dos melhores bairros do Rio de Janeiro e se entrega às drogas (primeiro maconha, depois cocaína) ao ponto de começar a traficar para sustentar seu vício, também tem toques de humor carioca necessários para se dar uma relaxada em determinados momentos.

O filme não é hipócrita: mostra que droga dá prazer, sim, senão não se venderiam tantos cigarros, tanta cerveja, e os demais ilegais, mostra que há corrupção de policiais mesmo, mostra que é verdade que cadeia não reforma ninguém, mostra que a justiça é muito mais perversa com os pobres.

Selton Melo, pra variar, está excelente (embora eu considere que Lavoura Arcaica tenha sido seu grande filme); a trilha sonora é deliciosa, aparentemente ainda melhor para quem é contemporâneo ao protagonista; e as paisagens do Rio entrecortam o filme proporcionando uma bela fotografia.

A cena mais hilária deste dramático filme é a em que, na cadeia, Selton Melo (João) é usado como intérprete (inglês-português) entre a facção dos presos brasileiros e a dos presos africanos para resolver uma questão. Dezenas de negões africanos de um lado falando inglês, dezenas de brasileiros do outro falando português, João no meio traduzindo tudo diferentemente do que era falado, amenizando os xingamentos (essa é a parte engraçada) para evitar confusão. Mas tem uma hora que não tem jeito... Vale conferir.

Outros filmes brasileiros recentes

Excelentes e imperdíveis:
-O ano em que meus pais saíram de férias
-Cinema aspirinas e urubus
-Diários de motocicleta
-Ônibus 174
-Edifício Máster
-Árido movie
-Lavoura Arcaica

Muito bons e melhores que a maioria dos americanos:
-2 filhos de Francisco
-O céu de Suely
-Baixio das bestas
-Cidade baixa
-O cheiro do ralo
-Cama de gato

domingo, 6 de janeiro de 2008


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A arte de fazer vista grossa

(resumo de reportagem do O Globo de 02 de dezembro de 2007 Saúde 51)

Novos estudos revelam que a capacidade de fazer vista grossa é importante para formar e consolidar relações íntimas.

Todo mundo vive em negação de alguma coisa. Isso, segundo Freud, seria uma defesa contra realidades externas que ameaçam o ego. Muitos psicólogos dizem que é uma forma de se proteger contra alguma notícia insuportável, como o diagnóstico de um câncer, por exemplo.

Esse artifício seria utilizado para não vermos como problema situações como o excesso de consumo, o alcoolismo, a traição, um vício, uma obsessão, o mau comportamento...

Se por um lado fazer vista grossa para algo nos impede de enfrentar de frente um problema e corrigir suas causas, por outro seria importante para a manutenção de relações íntimas e para o convívio social.

A negação de algum problema latente é parte da barganha que negociamos para ser criaturas sociais. Nós realmente queremos ser pessoas morais, mas cortamos caminho para alcançar vantagens individuais.

Os estudos também indicam que ser culpado de uma violação baseada numa questão de integridade e pedir desculpas por ela te prejudica mais do que ser desonesto e negar.

A pesquisa diz ainda que as pessoas têm uma tendência muito maior a fazer vista grossa para comportamentos impróprios daqueles com quem mantêm algum tipo de relação do que com desconhecidos. As pessoas em quem confiamos e as que admiramos são imperfeitas, como qualquer outra, e estão longe da retidão moral e da honestidade que, idealmente, se espera.
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