quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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Se pelo menos nossos políticos fossem maquiavélicos...

Maquiável se desgostou com as teorias abstratas, de como as coisas deveriam ser e quis formular uma teoria baseada na mais pura realidade, em como as coisas são.

Baseado nisso, o italiano em 1513 escreveu “O Príncipe”, base para o desenvolvimento da ciência política. Ali Maquiavel destaca as qualidades que um governante deve ter.
Ele defende que um governante deve ser ao mesmo tempo amado e temido. Porém se não for possível ser os dois ao mesmo tempo, ele diz que é muito mais seguro ser temido, pois com relação ao amor o homem a qualquer momento pode se tornar um ingrato, já quanto ao temor, o homem já não seria tão leviano. Compartilhava com outros humanistas profundo pessimismo com relação à natureza humana. Definia os seres humanos como ingratos e volúveis, e os via preocupados em simular o que não eram, e dissimular sua essência.

Maquiavel separa a moral do indivíduo da moral coletiva. Para ele, se fosse necessário, o governante, o líder, deveria comportar-se de maneira incorreta, corrompendo os princípios éticos, não em benefício de alguns, mas da maioria. Achava que a crueldade, em determinados momentos, é necessária. Nesse caso “os fins justificam os meios”.

Apesar disso, Maquiavel defendia que o governante não deveria descuidar-se de sua imagem, tinham que manter uma boa reputação ainda que fossem, às vezes, antiéticos. Para ele o que conta para um político é a imagem, não a substância.

O adjetivo maquiavélico tornou-se sinônimo de astúcia amoral e de um estilo de governo baseado na crueldade e no engano, desprovido de toda compaixão.

Justifico agora o título desse texto. É que os político brasileiros, muitas vezes, não são antiéticos para o bem do estado, para o bem da maioria, mas sim para o seu próprio bem e de seus pares... são muito mais que maquiavélicos...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

[30]

Rousseau, o filósofo inspirador da Revolução Francesa, dizia que a história não produziu progresso, mas sim um regresso do gênero humano, particularmente do ponto de vista ético. Dizia ele que a primeira etapa dessa decadência moral surgira pela introdução da propriedade privada, com o conseqüente nascimento da inveja, do furto, da política e das revoluções.

Rousseau sustentava que o primeiro homem que, tendo cercado seu terreno, teve a idéia de proclamar “isto é meu” e encontrou homens ingênuos o bastante para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, quantas guerras, quantos assassinados, quanta miséria, quantos horrores, poderia ter evitado ao gênero humano aquele que, arrancando a cerca, tivesse gritado aos seus semelhantes: “Cuidai-vos ao escutar esse impostor; se esquecerdes que os frutos são de todos e a terra não é de ninguém estareis perdidos”. Rousseau também é o autor da frase “O homem nasce bom, a sociedade o corrompe”.

Hoje o que é valorizado é a técnica, o que é útil, o que produz lucro a curto e a longo prazo, o que cresce exponencialmente. O ócio é demonizado e o neg-ócio conclamado. Temo estar vivendo em uma época vazia de crescimento espiritual. Paremos para analisar os nossos valores atuais: nem mais pode-se dizer que o “ter” nos domina, mas talvez o “parecer”, a fama, a ostentação.

Dos cerca de 6,6 bilhões de pessoas do mundo hoje, menos de 1 bilhão têm acesso ao padrão de consumo reinante: artigos supérfluos, vestuário de marca, internet banda larga, viagens, TV a cabo, educação elevada, aparelhos eletro-eletrônicos de última geração...

Mesmo assim, com essa fração de consumidores intensos, os recursos do planeta estão se esgotando. Alterações climáticas estão provocando uma instabilidade jamais observada no planeta. Consumidores ricos dividem os danos, mas monopolizam os benefícios.

Eu disse que menos de 1 bilhão consome nesses padrões, os demais QUEREM consumir. A população da China, da Índia, da África, da América Latina, os demais 5,6 bilhões, com todo direito querem passar a fazer parte do clube. E aí?

Estamos em uma encruzilhada. Haverá solução?
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