sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

[34] A Barca - Portinari
[34]

A Internacionalização do Mundo

Eu quis postar o artigo de autoria de Cristovam Buarque sobre a Amazônia que está abaixo por dois motivos. Primeiro porque o discurso realmente já foi até classificado entre os 100 melhores discursos brasileiros, por ser muito bem escrito. Segundo porque no dia 02 de fevereiro de 2008 o mesmo Cristovam (ex-governador do Distrito Federal, ex-Ministro da Educação do governo Lula, autal senador) escreveu um artigo falando do poder da internet e esclarecendo alguns pontos sobre o fenômeno que foi a disseminação desse discurso via e-mail não só pelo Brasil, mas pelo mundo, uma vez que foi traduzido em diversas línguas.

Dizia ele que no final das contas houve algumas alterações no texto tais como: troca de autor: dele para o Chico Buarque; mudança do local do evento: de uma sala no hotel Hilton em Nova York para uma universidade americana; e ainda de que o excelente discurso teria sido ignorado pelos jornais brasileiros, mas difundido em jornais internacionais, o que não seria verdade. O primeiro local onde o texto foi publicado foi em um jornal brasileiro, segundo diz ele próprio.

É curioso como esses textos rodam pela internet, às vezes parecem estar em hibernação e de repente surgem com voracidade novamente, talvez reflexo do fato de muitas pessoas estarem, pela primeira vez, se conectando ao mundo eletrônico. Recebem essas mensagens, ficam deslumbrados e enviam para todos os conhecidos. Curiosas também são essas alterações que vão ocorrendo aos poucos, eliminando a integridade do texto. Ultimamente, quando trata-se de mensagens recebidas pela internet, temos que nos comportar como bons mineiros, duvidar de tudo.

Bom, segue então o discurso. Ah, claro, essa não parece ser a versão mais original...

A Internacionalização do Mundo

Durante debate em uma Universidade, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para uma resposta linha.

De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.

Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.

(*) Cristovam Buarque, 58, doutor em economia e professor do Departamento de Economia da UnB (Universidade de Brasília), foi governador do Distrito Federal pelo PT (1995-98). Autor, entre outras obras, de "A Segunda Abolição" (editora Paz e Terra).

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Eu leio, leio e leio sobre educação e nunca chego a nenhuma resposta, apenas que a educação é necessária e imprescindível. Estou trabalhando com educação infantil, dou aulas para crianças entre 7 e 11 anos, e o que vejo em sala de aula é desanimador. O caos desta sociedade maluca está refletida nos pequeninos. As crianças são uma miniatura das misérias, sucessos, sofrimentos e inaptidão em que vivem seus pais. É nítido no processo de aprendizagem de uma criança com formação familiar consistente e outra que vive numa família desestruturada. Todos os dias, como hoje, saio da sala de aula esgotada, como se minhas energias tivessem se esvaído.
E continuo lendo muito sobre educação e nunca chego a qualquer consenso, não encontro respostas satisfatórias. A realidade de sala de aula é diferente de muitas coisas que contam os livros, que escrevem os pensadores. O que valia antes, não vale atualmente. Nossas crianças são muito diferentes de nós quando estávamos na idade delas. É preciso uma revolução na educação, mas eu não descobri ainda como.

Abraços,

16:26  
Anonymous Anônimo disse...

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