terça-feira, 24 de maio de 2011

[73] Solidão coletiva

Solidão virou epidemia. Há mais casas habitadas por uma única pessoa e estamos confiando menos uns nos outros, dizem as pesquisas.
Ainda assim, está cada vez mais difícil ficar sozinho. Basta um clique, e centenas de amigos invadem nossos computadores nas redes sociais.
Estar imerso na internet ou ser rodeado de parentes não muda o quadro "epidêmico", diz o psicólogo americano John T. Cacioppo, que é diretor do Centro de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade de Chicago (EUA).
Ele é autor de "Solidão ""A Natureza Humana e a Necessidade de Vínculo Social" (Ed. Record), livro que reúne quase 20 anos de suas pesquisas sobre o tema.
O mote é o seguinte: a espécie humana evoluiu graças às relações entre os indivíduos e ao apoio mútuo ao longo do tempo. A solidão vai na direção contrária à da evolução.
"Ela é como a dor ou a fome. É sinal de que algo não vai bem e que precisamos reforçar os vínculos sociais", afirmou Cacioppo à Folha, por telefone.
Os estudos que o autor conduziu, com estudantes da Universidade do Estado de Ohio (EUA) e um grupo de adultos mais velhos, apontaram que os solitários têm uma qualidade de sono pior do que os demais e estão mais propensos a doenças cardiovasculares e infecciosas.
A explicação também tem um quê darwinista: "A solidão crônica coloca a pessoa em estado de alerta constante, porque ela tem que se defender sozinha", diz.
Como resultado, o solitário passa mais tempo com altas concentrações de cortisol, hormônio ligado ao estresse.
O psicoterapeuta Roberto Golgkorn, que também escreveu um livro sobre o tema, "Solidão Nunca Mais" (Ed. Bertrand Brasil), concorda com o colega. Para ele, uma sociedade sem troca de afetos não consegue evoluir.
"Deve haver um fio que costure a identidade de todos, como em um formigueiro, que mais parece um organismo, enquanto as formigas são as células", diz.

SÓ NA MULTIDÃO
A atriz Maristela Vanini, 39, diz que sabe o que é ser solitária na companhia dos outros. Desde os cinco anos, quando ouvia discos do Carpenters em seu quarto, ela afirma se sentir só.
Ela mora com os pais, que a apoiam. "Mas me sinto incompreendida. Em casa não se fala sobre sentimentos."
Seus pais não viram a primeira vez em que ela subiu em um palco como profissional, dez anos atrás.
"Eu cheguei toda animada para contar aquela emoção, mas estavam todos dormindo. Solidão não é opção", diz.
Para o psiquiatra Geraldo Massaro, nem toda solidão é negativa. "A pessoa pode sair enriquecida da solidão, mesmo com sofrimento. Ela pode refletir sobre a própria vida, amadurecer."
Para o vendedor de livros Leonardo Minduri, 35, a solidão é "nobre".
"Estou na sociedade por obrigação. Se eu tivesse outra opção, estaria na montanha, isolado", conta ele, que se diz um eremita urbano.
Há cerca de dois anos, Minduri juntou dinheiro, colocou barraca e fogareiro na mochila e caiu na estrada.
Alternando entre ônibus e carona, ele partiu de Belo Horizonte, onde mora, e foi até Punta Arenas, no Chile.
Com Minduri, só embarcaram livros: Rimbaud, Nietzsche, Schopenhauer e Fernando Pessoa. "Prefiro a companhia deles do que a das pessoas", afirma.
Depois de seis meses vagando, Minduri começou a trocar mensagens com uma moça que conheceu pela internet. Hoje, eles namoram. Mas ela vive a 150 km de distância dele.

CANTO SAGRADO
Orlando Colacioppo, 45, mora há duas décadas sozinho no centro de São Paulo.
Ele diz não sentir falta de ter alguém com quem desabafar em casa. "Para discutir os problemas, existem os amigos e os botecos."
O caso dele tem respaldo estatístico. Nos últimos 20 anos, segundo o IBGE, o número de casas habitadas por uma única pessoa passou de 7% para 12% no Brasil.
"Quanto mais convivência, mais atrito. Eu quero é curtir meu isolamento, no meu canto sagrado", afirma Orlando.
O designer já dividiu o apartamento com uma namorada por dois anos, mas diz que repetir a experiência seria difícil. "Se eu cair de amores, espero que ela tenha uma casa só dela."

REDES SOCIAIS
Compensar solidão física com centenas de amigos no Facebook não resolve, segundo o psicólogo Cacioppo.
"É como tentar matar a fome com aperitivo", compara. "A interação ali é eletrônica, a pessoa não é parte da vivência do amigo."
Para Sherry Turkle, psicóloga e professora do Massachusetts Institute of Technology (EUA), muitos optam pelos relacionamentos na rede por medo de contato íntimo.
"Estar conectado dá a ilusão de termos companhia sem as demandas de uma amizade", disse ela à Folha.
Segundo Turkle, autora do livro "Alone Together", lançado no início do ano, nos EUA, a tecnologia mudou a nossa experiência de solidão.
"Para fazer uma reflexão, precisamos 'postar' nosso pensamento. Assim, não cultivamos a capacidade de ficar sozinhos, de refletir por nós mesmos."
Jelson Oliveira, professor de filosofia da PUC do Paraná, concorda.
"Não sabemos mais ficar sozinhos e buscamos nos ocupar a toda hora, como se ficar sozinho fosse perda de tempo. Ocupamos o silêncio com o barulho".

Colaborou IARA BIDERMAN

SOLIDÃO
AUTORES John T. Cacioppo e William Patrick
EDITORA Record
QUANTO R$ 52,90 (336 págs.)

Folha de São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 2011
GUILHERME GENESTRETI

terça-feira, 26 de abril de 2011

[72] Manter o suspense

O êxito inesperado ganha admiração. O que é obvio não é nem inútil, nem de bom gosto. Não se declarar de imediato atiça a curiosidade, em especial se a posição é importante o bastante para causar expectativas. O mistério, por sua característica arcana, provoca a veneração. Mesmo ao se revelar, evita a franqueza total e não permite que todos venham a franquear o seu íntimo. É no silencio cauteloso que a sensatez se refugia. As decisões, uma vez declaradas, nunca granjeiam estima e expõem à censura. Se desacertadas, estará duplamente desgraçado. Se quiser atenção e desvelo, imite a divindade.

domingo, 13 de dezembro de 2009

[71] Melhores Filmes Brasileiros da última década

Eleição realizada por júri convidado pelo O Globo. A ordem é sempre discutível. Vou correndo a locadora mais próxima para alugar "O Invasor" e "Serras da desordem", os dois que não vi ainda.

Dos que vi considero todos 5 estrelas, exceto "Tropa de Elite" que daria 4 estrelas e "O cheiro do ralo" que daria três estrelas, exclentes filmes também, porém os outros estão um patamar acima, na minha opinião. O que você tem a dizer sobre esses filmes ? Deixe um comentário....

1- Cidade de Deus - 2002

2- Edifício Master - 2002

3- Tropa de Elite - 2007

4- O invasor - 2002

5- Cinema, aspirinas e urubus - 2005

6- Estômago - 2008

7- Serras da desordem - 2007

8- O cheiro do ralo - 2007

9- Lavoura Arcaica - 2001

10 - Ônibus 174 - 2002

terça-feira, 23 de junho de 2009

[70] Filmes "A partida" e "O Equilibrista"

A PARTIDA

Um japonês de 25 anos tenta a vida em Tokio como violoncelista, porém com o fim de sua orquestra, e desconfiado de que não tem talento, volta para sua cidadezinha natal no interior do Japão e consegue um trabalho tão rentável quanto inusitado: limpar cadáveres em frente as famílias chorosas e prepará-los para serem enterrados.

Além desse mote, um outro, talvez o principal, é a relação psicológica que ele tem com o pai que abandonou a família quando ele tinha 6 anos; essa Partida tem impacto na vida dele até maior que as outras...

Outros atributos que podem atiçar a curiosidade em assisti-lo:

- Foi vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008
- É japonês, de forma que foge ao padrão Hollywoodiano; é mais lento, com belas fotografias, e cheio de metáforas
- Promove uma reflexão sobre a morte
- Explora bastante bem as relações entre filho e pai

O EQUILIBRISTA

Não tivessem as torres gêmeas desmoronado em 2001, talvez não fosse recordada essa bela história transformada em filme.

Um artista francês cujo trabalho é principalmente se equilibrar em cordas tem um sonho: atravessar de uma torre a outra do World Trade Center em Nova York a 400 metros de altura. Coragem ou loucura?

Depois de 6 anos de planejamento, depois de uma noite estenuante ilegalmente passando um cabo de um lado para o outro, ao amanhecer ele dá o primeiro passo imediatamente antes dos policiais aparecerem.

Quando a câmera foca o chão distante, visto daquela altura, mesmo em vão a vontade que dá é de gritar: "Não faça isso seu maluco, você vai morrer!". Requintes de suspense digno de um Hitchcock. O desfecho ? Só assistindo ao filme...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

[69] Serotonina x Felicidade

Aos amigos sedentários (ou não...)

Tive uma contusão há dois meses no músculo adutor na coxa esquerda.

Desde então fui obrigado a parar com todas as atividades físicas (academia, futebol, caminhadas, trilhas).

Esse período coincidiu exatamente com uma mudança drástica no meu humor. Meu nível de felicidade se fosse 8 ou 9 em uma escala de 0 a 10, passou pra 4 ou 5. Não sei se isso poderia até caminhar para uma depressão.

Nesse final de semana é que que ocorreu um "click" e liguei as duas coisas, ou seja, a interrupção das atividades físicas com a piora no meu humor.

Descobri então que o agente responsável por isso tudo chama-se serotonina, substância química que atua sobre no cérebro e é capaz de produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional através de uma alteração química.

Assim como os exercícios, remédios anti-depressivos também atuam no aumento da serotonina no corpo.

Conclusão: não só para a melhoria de sua saúde, aumento da longevidade e qualidade de vida, mas também para ficar mais feliz: FAÇA EXERCÍCIOS !
Eu comprovei na prática a falta que eles fazem.

sábado, 23 de maio de 2009

[68] Presencing

O passado é uma escada linear

O futuro são várias escadas abstratas.

O líder consegue ver escadas abstrastas.

O estrategista consegue apontar as escadas abstradas visualizadas pelo líder.

O staff operacional constrói a escada.

Em nossas vidas, ao tomar uma decisão, desconstruímos todas as outras alternativas de escadas abstratas anteriores.

Outras escadas abstratas podem ser visualizadas a partir de então.

O filme Efeito Borboleta e o filme Corra Lola Corra são ricos em apresentação dessas escadas abstratas.

Que escadas abstratas apaguei da minha vida ? Qual ser humano deixou de existir por eu ainda não ter tido filho ? Quais estradas abstratas permiti que se concretizassem? Qual ser humano nasceu da união daquela antiga amada com outro ?
[67] Dalai Lama

Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito.

Um se chama ontem e o outro se chama amanhã.

Portanto hoje é o dia certo para

..........amar,
.....................acreditar,
.......................................fazer
.................................................e principalmente viver

sábado, 4 de abril de 2009

[66] Modo de organização da sociedade atual

Não sei se a vocês, mas a mim me inquieta as transformações atuais pelas quais estamos passando. Dizem que, na verdade, essa não é a sociedade da informação, a sociedade do conhecimento, que sempre vivemos nessas sociedades. O que é diferente agora é um volume alarmante no número de pessoas no mundo e que o modo pelo qual nos organizamos teve que ser adaptado a essa população gigantesca. A necessidade de informação é proporcional à população. Reparem a multiplicação por 10 a cada 100 anos no número de pessoas no Brasil:

1660 - 184 mil
1760 - 1.800.00 mil
1860 - 8.500 mil
1960 - 70 milhões
2000 - 170 milhões
Hoje 191 milhóes

Dizem,sim, que faz sentido hoje falar em:
  • Sociedade do imaterial - nunca tivemos ou vendemos registros em computadores antes (estudemos o imaterial);
  • Sociedade do intangível - nunca o que não pode ser pego ou tocado, valeu tanto (estudemos o intangível);
  • Sociedade do capital intelectual - nunca demos tanto valor ao trabalho mental (estudemos o capital intelectual);
  • Sociedade digital - nunca estivemos em um mundo digitalizado (estudemos o digital);
  • Sociedade em rede digital - idem, idem.
    Fonte: http://nepo.com.br/


E apesar de mal entendermos o presente, por que não fazer uma projeção para o futuro próximo?

Os representantes desse mundo em que vivemos são o Google, o Orkut, o MSN, o Youtube, os Blogs e Fotologs, o Twitter.

O que viria pra frente seria uma inteligência nas redes, robôs que identificarão sites que você visita, por exemplo, as suas atitudes na rede, que aprenderão com nossos hábitos, e nos fornecerão o que necessitamos.

Uma outra consequência é que, talvez, a rede será nosso psicanalista ahahahah. Como somos muitas vezes incoerentes: não sentimos, pensamos, falamos e agimos da mesma forma.... a rede inteligente irá nos desmascarar.

E dizem que mais adiante ainda um robô falará com outro robô. Não será a libertação do ser humano do trabalho ?

segunda-feira, 9 de março de 2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

[64] Criar momentos inesquecíveis na vida com dinheiro

Uma pesquisa científica realizada na Universidade de San Franciso nos EUA mostrou que dinheiro gasto na criação de experiências de vida, que na maioria das vezes envolvem a convivência com outras pessoas, tais como uma ida ao teatro, jantar fora, uma viagem... gera uma satisfação mais intensa e mais duradoura que quando gasto com a compra de bens materiais.

Essas experiências provocam uma sensação de "estar vivo".

Essa satisfação independe do quanto a pessoa gasta na experiência em si ou quanto ela ganha por mês.

Dessa forma a velha dúvida se dinheiro traz ou não felicidade poderia ser respondida da seguinte forma: Sim, dinheiro traz felicidade se está sendo gasto na criação de experiências de vida e não exclusivamente com bens materiais.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009


[63] Frutificação

Primeiro de tudo é necessário fixar paulatinamente as raízes, até que formem uma sólida estrutura. Depois é necessário aguar bem, podar quando necessário e complementar com algumas substâncias químicas. Virão algumas provas, a destacar as pragas e as rajadas de vento. Tem-se que ser suficientemente forte e flexível para resistir a tudo isso. Só então virão os frutos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

[62] 2009 ?

Há sempre uma esperança de que o ano seguinte será melhor, até que nos damos conta de que vários anos passados foram melhores que os subsequentes.

Que vivamos o presente intensamente;
o passado já passou,
o futuro está para ser criado.

Hoje - um hoje relativo - pode ser o melhor dia de nossas vidas e, se não tomarmos cuidado, podemos nem mesmo percebê-lo. Lá na frente olharemos para trás e pensaremos, como fui feliz naquele dia...

Nada existe além desse exato instante.

Mande um beijo para sua sua mãe, dê um abraço no seu pai, diga para seu irmão que embora nunca tenha dito, que ele pode contar com você sempre que precisar, não espere o aniversário para mandar um e-mail para a amiga distante, seja gentil com um desconhecido.

Tudo é tão efêmero.
[61] Cem Dias Sem Rumo

http://cemdiassemrumo.blogspot.com/

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

[60] Audacioso ou Aventureiro ?

O grande pensador alemão Immanuel Kant, no século XVIII, dizia: "Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar". Suportar não significa sucumbir, mas resistir às incertezas e continuar. Para resistir às incertezas é preciso ter audácia. Mas é preciso não confundir audácia com aventura.

Audacioso é aquele ou aquela que planeja, organiza, estrutura e vai.

Aventureiro é quem diz: "Vamos que vamos e veremos no que dá".

O bom navegador não espera o vento oportuno, ele vai atrás. A audácia lhe coloca uma condição: é preciso ser capaz de antecipar. Antecipar é diferente de adivinhar. Antecipar está no campo do planejamento e da ciência enquanto adivinhar está no reino da magia.

Que sejamos cada vez mais audaciosos !

(texto baseado em idéias de Mário Sergio Cortella)

sábado, 29 de novembro de 2008

[59] Essencial ou fundamental ?

O filósofo Mário Sérgio Cortella sobre o qual já citei em textos anteriores, gosta de recorrentemente fazer uma distinção entre o que é essencial e o que é fundamental em nossas vidas.

Segundo ele essencial é aquilo que não pode não ser, como a humanidade, a fraternidade, a sexualidade, a religiosidade, a amizade, a lealdade e a solidariedade. O essencial da vida é a felicidade. E a felicidade se compõe de fraternidade e humanidade.

O fundamental seria aquilo que ajuda a chegar ao essencial. Ele cita como exemplo de atividade fundamental o trabalho, pois este ajuda a se alcançar o essencial, não seria por si só essencial. Outro exemplo seria o dinheiro, dinheiro é fundamental, sem ele enfrentamos problemas na nossa sociedade atual, ele é uma moeda de troca, troca, em geral, de nosso esforço em algum campo por algo que necessitamos ou, até, que desejamos, mas ele não é essencial.

Dessa forma o fundamental seria o meio, o essencial o fim. O fundamental poderia ser comparado a uma escada para se alcançar o essencial. Estaria errada uma existência não direcionada ao essencial. A pessoa que sobe em uma escada e fica parada sobre ela, com foco na escada, estaria fadada a uma vida infeliz.

Não sei se pode-se fazer uma lista do que é essencial de caráter universal. Mas analisando a mitologia, a nossa história, biografias de humanos ilustres, sabedorias de pessoas às vésperas da morte, considerando-se a filosofia, a psicologia... parece mesmo irrefutável que essencial é ter boas relações familiares, é conquistar e reter belas amizades, é ser ético, ou seja, viver seguindo princípios e valores que permitam a vida coletiva de forma fraterna. Essencial é focar no que é importante, não no que é urgente. Para isso talvez seja preciso desacelerar um pouco, não deixar a tacocracia nos levar (ditadura da velocidade, do fast-tudo), é preciso parar e refletir.

Para mim, particularmente, não sei se são essenciais, mas certamente engrandecem minha vida, poder viajar, a leitura de bons livros, atividades culturais (cinema, teatro, exposições), a prática de um esporte coletivo (futebol), uma boa conversa, estar mais próximo da natureza selvagem (pescar).

Tudo isso engrandece a nossa vida, torna mais rica nossa existência. Cortella também gosta de citar a frase de Benjamin Disraeli: "A vida é muito curta para ser pequena".

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

[58] Crime e Castigo

http://www.livroclip.com.br/index.php?acao=hotsite&cod=6

Que bom poder recomendar a leitura de um dos melhores livros já escritos de todos os tempos com um site tão bom e com um clip. Vá até a livraria mais próxima. Crime e Castigo, de Fiodor Dostoievski

domingo, 19 de outubro de 2008

[57] Mário Quintana

Só para terem uma idéia de quanto o mundo anda conectado hoje em dia reparem nisso: um dia assisti a uma entrevista na televisão, no canal TV Educativa com um filósofo. Ele me impressionou tanto que anotei seu nome e pensei comigo mesmo que algum dia ainda leria algo dele. Pois que, muito tempo depois, me deparei com um livro desse autor em uma livraria. Gostei ainda mais, o que fez procurar algo na internet; no Youtube encontrei uma entrevista dele no programa do Jô. Nessa entrevista ele citou o mote deste texto: Mário Quintana. Pois que na mesma semana no teatro do Centro Cultural da Justiça Federal no Rio tinha uma peça que só ia ser apresentada por um final de semana relatando toda a obra deste grande poeta. E cá estou eu neste blog transmitindo, após mais algumas pesquisas na internet, parte da obra do poeta. Ufa, quase fico sem respiração: televisão, livro, internet, teatro...

Mário Quintana nasceu (1906) em Alegrete no Paraná e viveu muito tempo em Porto Alegre. Morreu em 1994. Dias após sua morte uma sobrinha encontrou em uma de suas gavetas uma sugestão de Epitáfio: “Eu não estou aqui”.

A prefeitura de Alegrete após aprovar uma homenagem a ele que ficaria na Praça Central pediu que escolhesse um dos poemas para ser gravado em bronze. Quintana, prevenido, com medo de fazer uma escolha errada, pediu que escrevessem: “Um engano em bronze, um engano eterno".

Morreu solteiro porém estava sempre cercado de mulheres. Tinha amizade com Bruna Lombardi e Cecília Meireles. Era apaixonado pela diva de cinema Greta Garbo. Quando perguntavam porque nunca se casara, ele respondia: "Preferi deixar dezenas de mulheres esperançosas do que uma só desiludida".

Bem seguem-se mais três frases de Mário Quintana (difícil de escolher, viu...) e ainda uma historinha e três poemas.

“O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.”

“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.”

“O segredo não é correr atrás das borboletas...É cuidar do jardim para que elas venham até você!”


Poeminho do Contra

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho
Eles passarão
Eu passarinho! (1978)

O peixinho

Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenininho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no quente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelos cafés. Como era tocante vê-los no "17"! - o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a xícara de fumegante moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando o peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho especial... Ora , um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao peixinho: "Não , não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua família . E viva eu cá na terra sempre triste!..." Dito isto, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho nágua. E a água fez um redemoinho, que foi depois serenando, serenando...até que o peixinho morreu afogado...

O passageiro clandestino

No porta-malas do meu automóvel
levo o anjo escondido...
Quando chegamos a um descampado,
ele sai lá de dentro, distende as asas, belo como a Vitória de Samotrácia...
e eu, então, nos seus ombros, dou uma longa volta, pelos céus da cidade,
porém temos logo de regressar a nossos antros de cimento
— antes que a serenata dos sapos, mais uma vez,
venha cantar, à beira dos banhados,
à nossa modesta aventura de um domingo burguês

O anjo Malaquias

O Ogre rilhava os dentes aguda e lambia os beiços grossos, com esse exagerado ar de ferocidade que os monstros gostam de aparentar por esporte. Diante dele, sobre a mesa posta, o Inocentinho balava, imbele. Chamava-se Malaquias – tão piquinininho e rechonchudo, pelado, a barriguinha pra baixo, na tocante posição de certos retratos da primeira infância...O Ogre atou o guardanapo ao pescoço. Já ia o miserável devorar o Inocentinho. quando Nossa Senhora interferiu com um milagre. Malaquias criou asas e saiu voando, voando, pelo ar atônito.., saiu voando janela em fora... Dada, porém, a urgência da operação, as asinhas brotaram-lhe apressadamente na bunda, em vez de ser um pouco mais acima, atrás dos ombros. Pois quem nasceu para mártir, nem mesmo a Mãe de Deus lhe vale! Que o digam as nuvens, esses lerdos e desmesurados cágados das alturas, quando, pela noite morta, o Inocentinho passa por entre elas, voando em esquadro, o pobre, de cabeça pra baixo. E o homem que, no dia do ordenado, está jogando os sapatos dos filhos, o vestido da mulher e a conta do vendeiro, esse ouve, no entrechocar das fichas, o desatado pranto do Anjo Malaquias! E a mundana que pinta o seu rosto de ídolo... E o empregadinho em falta que sente as palavras de emergência fugirem-lhe como cabelos de afogado... E o orador que pára em meio de uma frase... E o tenor que dá, de súbito, uma nota em falso... Todos escutam, no seu imenso desamparo, o choro agudo do Anjo Malaquias! E quantas vezes um de nós, ao levar o copo ao lábio, interrompe o gesto e empalidece... - O Anjo! O Anjo Malaquias! - ... E então, pra disfarçar, a gente faz literatura.., e diz aos amigos que foi apenas uma folha morta que se desprendeu... ou que um pneu estourou, longe.., na estrela Aldebaran...

sábado, 18 de outubro de 2008

[56] Tipos psicológicos – Carl Gustav Jung

Um dos grandes nomes da psicologia é sem dúvida alguma o médico neurologista Sigmund Freud, um tcheco que viveu muito tempo em Viena na Áustria. Freud é conhecido por seus conceitos revolucionários sobre o inconsciente, sobre desejos reprimidos, sobre as vontades primitivas que estão escondidas sob a consciência e que se manifestam nos lapsos e nos sonhos.

No entanto o objeto deste texto não é Freud, mas outro psicólogo, o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, que há muito estimula minha curiosidade. Jung é cerca de 20 anos mais novo que Freud, mas foi, no início de sua carreira, seu seguidor, de modo que “bebeu” da teoria de Freud e, segundo alguns, a evoluiu. Eles trocaram dezenas e dezenas de cartas divagando sobre psicologia, psicanálise, psicoterapia...

Um dos resultados da obra de Jung é a divisão dos seres humanos em duas categorias, de acordo com a preferência natural do indivíduo em se relacionar com o mundo: os introvertidos e os extrovertidos.

1- Introversão.
Enfoque dado ao sujeito. A pessoa foca sua atenção no mundo interno de representações e impressões. Encarrega-se da reflexão. Direciona a atenção para seu mundo interno de impressões, emoções, pensamentos. A ação é voltada para o interior, há certa hesitabilidade, o indivíduo pensa antes de agir, tem uma postura reservada, um certo retraimento social, retém emoções, é discreto e tem facilidade de expressão no campo da escrita. Orienta-se por fatores subjetivos.

2- Extroversão.
Enfoque dado ao objeto. A pessoa foca sua atenção no mundo externo de fatos e pessoas. Encarrega-se da iniciativa e da ação prática. Há fluição da energia de dentro para fora. Dá atenção para a ação, é impulsivo (age antes de pensar), comunicativo, de alta sociabilidade e tem facilidade de expressão oral, o que favorece sua adaptação às condições externas.

Segundo Jung nenhum ser humano é exclusivamente introvertido ou extrovertido, mas sempre há predominância de um deles.

Ainda dentro de uma dessas duas categorias acima apresentadas, os seres humanos ainda apresentariam significativas diferenças entre si. Então Jung criou as funções psíquicas, quatro pontos cardeias que orientariam o ser humano. Sendo introvertido ou extrovertido, de acordo com sua genética, influências familiares, experiências na vida, uma pessoa ainda se comportaria segundo traços psicológicos combinados: a) sensação, b) intuição, I) pensamento e II) sentimento. As duas primeiras relacionadas a como percebemos o mundo (irracionalmente); e as duas últimas a como julgamos os fatos (racionalmente).

A) Sensação.
É como coletamos as informações através dos órgãos dos sentidos (visão, audição, tato, paladar, olfato). Pessoas do "tipo sensação" acreditam nos fatos, têm facilidade para lembrar-se deles e dão atenção ao presente. Essas pessoas têm enfoque no real e no concreto, são voltadas para o “aqui - agora” e costumam ser práticas e realistas. Preocupam-se mais em manter as coisas funcionando do que em criar novos caminhos.

B) Intuição.
É o oposto da função sensação. A percepção se dá através do inconsciente e a apreensão do ambiente geralmente acontece por meio de “pressentimentos”, “palpites” ou “inspirações”. A intuição busca os significados, as relações e possibilidades futuras da informação recebida. Pessoas do tipo intuição tendem a ver o todo e não as partes, e, por isso, costumam apresentar dificuldades na percepção de detalhes.

I) Pensamento.
A função Pensamento estabelece a conexão lógica e conceitual entre os fatos percebidos. É a função do conhecimento intelectual e da conclusão lógica. As pessoas do "tipo pensamento" fazem uma análise lógica e racional dos fatos: julgam, classificam e discriminam uma coisa da outra sem maior interesse pelo seu valor afetivo. Procuram se orientar por leis gerais aplicáveis às situações, sem levar em conta a interferência de valores pessoais. Naturalmente voltadas para a razão, procuram ser imparciais em seus julgamentos.

II) Sentimento.
Quem usa o Sentimento julga o valor intrínseco das coisas, tende a valorizar os sentimentos em suas avaliações, avalia as coisas subjetivamente, preocupa-se com a harmonia do ambiente e incentiva movimentos sociais. Utilizam-se de valores pessoais (seus ou de outros) na tomada de decisões, mesmo que essas decisões não tenham lógica do ponto de vista da causalidade. É a "lógica do coração”.

A sensação constata o que realmente está presente, nos dirá que alguma coisa é (existe), corresponde à totalidade das percepções de fatos externos que nos chegam através dos sentidos, tende a não dar crédito às intuições. A intuição aponta as possibilidades do “de onde” e do “para onde” que estão contidas neste presente...” está ligada ao conceito do tempo que eqüivale a um passado e a um futuro - conhecemos o passado, mas o futuro dependerá de um palpite que é a Intuição. O pensamento nos permite conhecer o que significa o presente, dá o nome a uma coisa e agrega-lhe um conceito, não dá muita importância ao sentimento (valores pessoais). O sentimento nos informa o valor das coisas, nos diz se elas nos agradam ou não, constituindo uma avaliação e não uma emoção, expulsa pensamentos que lhe desagradam.

“A sensação diz que alguma coisa é; o pensamento exprime o que ela é; o sentimento expressa-lhe o valor; e a intuição é o que complementa a visão do mundo pois aventa sobre suas possibilidades.” Casado, 1993

Portanto, a partir desses tipos psicológicos é possível situar nossa personalidade. Qual é a sua? Você é um introvertido, intuitivo, pensador? Ou será que tem um enfoque externo, é um extrovertido , que percebe o mundo mais pelos órgãos dos sentidos – o aqui e agora - , e julga sentimentalmente - baseado em seus valores pessoais? Ou...

sábado, 11 de outubro de 2008

[55] Seção Metáfora - Queda das Torres Gêmeas

A queda das Torres Gêmeas (World Trade Center, Nova York) teve início no dia 11 de setembro de 2001, contudo elas continuam a desmoronar ao longo dos últimos 7 anos e não há mostras claras do término do processo. O índice Dow Jones da bolsa financeira da mesma cidade das torres registrou a pior perda semanal dos 112 anos de sua existência: 18%, maior que os 17% registrados em 1933 deflagrado pela crise de 1929 com o crash das bolsas de então. Se a caderneta de poupança brasileira rende meros 6% ao ano, imagine o que é perder 18% em uma semana.

sábado, 4 de outubro de 2008

[54] A palavra da vez é... Sofisticado.

Sofisticado tem sua origem na palavra sofisma, que é um argumento aparentemente válido, mas, na realidade, não conclusivo, e que supõe má-fé por parte de quem o apresenta...

Na grécia do século V a.C. , os sofistas eram pessoas que saíam às ruas e faziam "malabarismos" com seus argumentos, com seus sofismas, para que a população acreditasse nas inverdades que diziam.

Logo, é necessário muito cuidado na nossa sociedade consumista de hoje onde são nos apresentados a cada dia mais e mais produtos sofisticados.

Se esses produtos realmente tiverem conexão com a origem que acabo de citar é também através deles que estamos nos afastando da verdade.

Aurélio:
Sofisticado. adj. 1. Falsificado, adulterado. 2. Que não é natural; artificial, afetado. 3. Que perdeu caráter ou simplicidade naturais. 4. Aprimorado, aperfeiçoado, de extremo requinte. 5. Diz-se de aparelho ou equipamento de alta tecnologia.

sábado, 27 de setembro de 2008

[53] Proximidade e Expectativa

Gostaria de divagar um pouco sobre estes dois conceitos que há muito me fazem refletir: proximidade e expectativa.

Primeiro uma definição denotativa de cada um. Proximidade: condição ou estado do que é próximo; vizinhança; contiguidade; (no pl. ) cercanias, arredores. Expectativa: esperança baseada em supostos direitos, probabilidades ou promessas; expectação.

De certa forma ambos têm a ver com distância; no primeiro caso: distância física; no segundo: distância psicológica.

Pois a minha teoria é que esses dois conceitos são chaves em muitos aspectos de nossas vidas. Após lerem minhas divagações tentem lembrar deles ao longo de algumas semanas e relacioná-los com circunstâncias de suas vidas.

Proximidade.
Tudo que é próximo a nós exerce inimaginável influência e ditam nosso modo de viver. Isso parece natural, não? Mas quantas vezes nos damos conta disso? Por quê, por exemplo, temos tanto apego a nossa terra natal e em geral queremos retornar a ela? E se nunca saímos de nossa cidade, por que essa hipótese nos amedronta? Para os que vivem fora, temos muitas vezes o plano de voltar para lá mais adiante, após aposentar, como se nos iludíssimos para que tenhamos conforto mental. Outra questão, por que muitas vezes nossos melhores amigos são aqueles que estão mais próximos, e outros com os quais, até, temos mais afinidade, vão ficando cada vez mais distantes? E isso talvez também explique porque somos tão apegados a nossos familiares, a proximidade genética...

Expectativa.
Pro bem ou pro mal... Sempre que depositamos elevada expectativa que alguma viagem vai ser fabulosa, que algum filme será vibrante, que algum livro mudará nossa vida, que alguma pessoa nos encantará... se a profecia se confirma tudo terá quase um aspecto de normalidade. Mas se a viagem for apenas normal, o filme apenas mediano, o livro comum, a pessoa como todas as outras, ficaremos decepcionados. Por outro lado, se viajamos para um local ao acaso em uma decisão de última hora, se nos deparamos com um livro qualquer na livraria, se alugamos um filme só porque ele estava à nossa frente na locadora, se conhecemos uma pessoa sem compromisso, talvez o fato de eles serem apenas normais, não ruins, já nos proporcionarão uma tremenda satisfação, pois não tínhamos depositado nenhuma expectativa de que eles nos deixariam deslumbrados. Citei aqui viagem, filme, livro e pessoa, mas isso vale para outros itens: uma festa, uma pescaria, uma peça teatral, um emprego, um encontro...

Por essas e outras acho fundamental que controlemos e dosemos nossa expectativa, ela nunca poderá ser nem além nem aquém de certos patamares. Se for demais, a chance da decepção aumenta. Se for baixa, a chance de supervalorizarmos algo comum também cresce.

E também que fiquemos atento a essa influência que a proximidade exerce sobre nós. Despidos de nossa cultura, quem somos nós? O que genuinamente nos faz felizes? É isso que deve ser buscado até nossa morte. Não necessariamente os encontraremos perto de nós, pode ser que esteja distante, muito longe, embora muitas vezes, de fato estejam embaixo de nossos narizes. Até logo.
[52] Cautela com a laborlatria - Mário Sérgio Cortella

Uma das boas memórias de quem já teve o prazer de mergulhar na produção satírica de Mark Twain – pseudônimo do escritor norte-americano Samuel Clemens – é, sem dúvida, a narrativa da cerca a ser forçadamente pintada pelo menino na obra-prima As aventuras de Tom Sawer. Em um dia de sol inclemente, à beira do Rio Mississipi, quando tudo chamava à brincadeira e o lazer descompromissado, eis que surge a convocação compulsória para o trabalho e não há alternativa que o garoto posse encontrar, a não ser tornar aquele fardo algo com um dissimulado ar prazeroso e, mais ainda, convocar e convencer a outros que deveriam ajudá-lo com satisfação.

Em um determinado momento, procurando livrar-se da atividade e, até, ganhar algum dinheiro com aquilo que deseja que outros fizessem em seu lugar, aparece o argumento de que “Trabalho é tudo aquilo que uma pessoa é obrigada a fazer... Passatempo é tudo aquilo que uma pessoa não é obrigada a fazer”.

Pouco mais de um século após, um compatriota de Twain, o cartunista Bob Thaves, desenhou uma de suas instigantes tirinhas que tem como personagens Frank & Ernest, os desleixados e eventualmente oportunistas representantes do “homem comum” do mundo contemporâneo urbano; nesse quadrinho, Ernest, preocupado, pergunta a Frank: “Nós somos vagabundos?” Frank, resoluto, responde: “Não, nós não somos vagabundos. Vagabundo é quem não tem o que fazer; nós temos, só não o fazemos...”

Essa visão colide frontalmente com um dos esteios de uma sociedade que, na história, acabou por fortalecer uma obsessão laboral que, às vezes, beira a histeria produtivista e o trabalho insano e incessante. Desde as primeiras fontes culturais da sociedade ocidental, como por exemplo, vários dos escritos judaico-cristãos, há uma condenação cabal do ócio e do não-envolvimento com a labuta incessante; no Sirácida, um dos livros da Bíblia (também chamado Eclesiástico), há uma advertência: “Lança-o no trabalho, para que não fique ocioso, pois a ociosidade ensina muitas coisas perniciosas” (33, 28-29).

Já ouviu falar que o ócio é a mãe do pecado? Ou que o demônio sempre arruma ofício para quem está com as mãos desocupadas? Ou ainda, que cabeça vazia é oficina do diabo?

Essa não é uma perspectiva exclusiva do mundo religioso. Voltaire, um dos grandes pensadores iluministas e hóspede eventual da prisão na Bastilha dos começos do século 18 por seus artigos contra governantes e clérigos, escreveu em Cândido que “o trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade”.

Ou como registrou Anatole France, conterrâneo e herdeiro, no século seguinte, da mordacidade voltariana: “O trabalho é bom para o homem. Distrai-o da própria vida, desvia-o da visão assustadora de si mesmo; impede-o de olhar esse outro que é ele e que se torna solidão horrível. É um santo remédio para a ética e a estética. O trabalho tem mais isso de excelente: distrai nossa vaidade, engana nossa falta de poder e faz-nos sentir a esperança de um bom acontecimento”.

Não é por acaso que Paul Lafargue, um franco-cubano casado com Laura, filha de Karl Marx, e fundador do Partido Operário Francês, foi pouco compreendido na ironia contida em alguns de seus escritos. Em 1883, quando todo o movimento social reinvidicava tenazmente o direito ao trabalho, isto é, o término de qualquer forma de desocupação, o genro de Marx publicou Direito à preguiça, uma desnorteante e – só na aparência – paradoxal análise sobre a alienação e exploração humana no sistema capitalista.

Nessas horas é sempre bom reviver Rubem Braga em O conde e o passarinho que, ao falar sobre o Dia do Trabalho, escreveu, “A ordem foi mantida. Os operários não permitiram que a polícia praticasse nenhum distúrbio”.
Extraído do livro "Não espere pelo Epitáfio..." - Provocações Filosóficas - de Mário Sérgio Cortella

sábado, 16 de agosto de 2008

[51] Impressão - Nascer do Sol

O título deste post também é o título desse quadro do pintor francês, da escola impressionista de pintura, Cláudio Monet.
[50] Melhores Livros

O baiano Goulart Gomes, escritor semi-profissional, como ele se define, elaborou uma lista com os seus livros preferidos de maneira bem interessante, dividindo-os nas categorias: "Não vá morrer sem ler", "Leia antes de morrer", "Se não morrer antes, leia também". Para balisar as indicações ele ainda indica se o livro figura em alguma célebre lista de recomendáveis elaboradas por diferentes organizações (após o título do livro, letra entre parênteses).

LEGENDA
A = Alfredo Bosi, 2005
B = Revista Bravo, 2006
C = Clube do Livro da Noruega, 2002
F = Folha de São Paulo, 1999
G = Guia de Leitura, 100 autores que você precisa ler, de Léa Masina (org.)
H = Autores citados no livro "Gênio", de Harold Bloom
I = Ítalo Moriconi, no livro "Para ler como um escritor", de Francine Prose
L = Revista Logos, Feira de Frankfurt, 2000
M = Livro "1001 livros para ler antes de morrer", org. por Peter Boxall, 2007
N = Prêmio Nobel de Literatura (ao autor)
O = Livros "As obras-primas que poucos leram", org. Heloísa Seixas.
P = Livro "Para ler como um escritor", Francine Prose
S = Revista 101 livros que mudaram a humanidade, Superinteressante, 2005
T = Os 100 melhores romances da língua inglesa 1923-2005, Revista Time

NÃO VÁ MORRER SEM LER:

1. A vida como ela é, Nelson Rodrigues, contos, Brasil (B)
2. Cem anos de solidão, Gabriel García Marquez, romance, Colômbia (C,L,F,G,N,M,P)
3. Crime e Castigo, Dostoiévski, romance, Rússia (C,G,H,M,O,S,P)
4. Dom Casmurro, Machado de Assis, romance, Brasil (B,A,G,H,M,S,I)
5. Dom Quixote, Miguel de Cervantes, romance, Espanha (C,G,H,M,O,S,P)
6. Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa, romance, Brasil (A,B,C,F,G,M,O,S,I)
7. Hamlet, William Shakespeare, teatro, Grã-Bretanha (C,G,H,S)
8. Obra poética, João Cabral de Melo Neto, Brasil (B,A)
9. Eu e outras poesias, Augusto dos Anjos, poesia, Brasil (A,B,O)
10. Romance da Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, Ariano Suassuna (F)

LEIA ANTES DE MORRER:

11. A Divina Comédia, Dante Alighieri, poesia, Itália (C,H,O,S)
12. A Metamorfose, Kafka, romance, Rep. Checa (C,G,H,M,P)
13. A Náusea, Jean-Paul Sartre, romance, França (L,F,N,M)
14. A Odisséia, Homero, poesia, Grécia (C,G,H,O,S)
15. A revolução dos bichos, George Orwell, romance, EUA (F,G,M,T)
16. A terra de Deus, Taylor Caldwell, romance, EUA
17. Amor nos tempos do cólera, O; Gabriel García Marquez, romance, Colômbia (C,G,N,M)
18. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley, romance, Grã-Bretanha (L,F,G,M)
19. Brás, Bexiga e Barrafunda, Antônio de Alcântara Machado, contos, Brasil (B,A)
20. Carta a um jovem poeta, Rainer-Maria Rilke, epistolário, Rep. Checa (H)
21. Cascalho, Herberto Sales, romance, Brasil (quando o filme for lançado, todo mundo vai querer ler!)
22. Gramática expositiva do chão, Manoel de Barros
23. Eu, robô, Isaac Asimov, contos, Rússia (M)
24. Ficções, Jorge Luis Borges, contos, Argentina (C,G,H,O)
25. Fogo morto, José Lins do Rego, romance, Brasil (B,A,I)
26. Fome, Knut Hamsun, romance, Noruega (C,N,M)
27. Germinal, Émile Zola, romance, França (G,M,O)
28. Horizonte perdido, James Hilton, romance, Grã-Bretanha
29. Macunaíma, Mário de Andrade, romance, Brasil (B,A,F,M,S,I)
30. Moby Dick, Herman Melville, romance, EUA (C,G,H,M,P)
31. Nada de novo no front, Erich Remarque, romance, Alemanha (L,M)
32. Narciso e Goldmund, Hermann Hesse, romance, Alemanha (N)
33. O cavaleiro inexistente, Ítalo Calvino, romance, Cuba/Itália (G,H,M)
34. O coronel e o lobisomem, José Cândido de Carvalho, romance, Brasil (B)
35. O cortiço, Aluísio Azevedo, romance, Brasil (B,A,M,O,S,I)36. O deserto dos tártaros, Dino Buzzati, romance, Itália (F,M)
37. O estrangeiro, Albert Camus, Romance, Argélia (C,L,F,G,N,M,P)
38. O pequeno príncipe, Antoine de Saint-Exupéry, romance, França (M)
39. O perfume, Patrick Suskind, romance, Alemanha (M)
40. Obra poética, Castro Alves, Brasil (B,A)
41. Obra poética, Fernando Pessoa, Portugal (H)
42. Os miseráveis, Victor Hugo, romance, França (G,M)
43. Os ratos, Dyonélio Machado, romance, Brasil (B,A)
44. Otelo, William Shakespeare, teatro, Grã-Bretanha (C,G)
45. Sagarana, Guimarães Rosa, contos, Brasil (A,B,G,I)
46. São Bernardo, Graciliano Ramos, romance, Brasil (A,B,G,I)
47. Shogun, James Clavell, romance, EUA
48. Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, Clarice Lispector, romance, Brasil
49. Vidas Secas, Graciliano Ramos, romance, Brasil (A,B,G,S)
50. 1984, George Orwell, romance, EUA (C,G,L,F,M,O,S,T)

SE NÃO MORRER ANTES, LEIA ESTES, TAMBÉM:

51. A Eneida, Virgílio, poesia, Grécia (C,S)
52. A hora da estrela, Clarice Lispector, romance, Brasil (G,M,S)
53. A Ilíada, Homero, poesia, Grécia (C,G,H,S)
54. A imortalidade, Milan Kundera, romance, Rep. Checa
55. A vida e as extraordinárias aventuras do soldado Ivan Tchônkin, Vladimir Voinóvitch, romance, Rússia
56. Alice nos País das Maravilhas, Lewis Carroll, romance, Grã-Bretanha (G,H,M)
57. As aventuras de Tom Sawyer, Mark Twain, romance, EUA (G)
58. As flores do mal, Charles Baudelaire, poesia, França (H,O,S)
59. Auto da compadecida, Ariano Suassuna, teatro, Brasil (F)
60. Canto Geral, Pablo Neruda, poesia, Chile (N,O)
61. Decameron, Boccaccio, contos, Itália (C,G,O,S)
62. Deus lhe pague, Joracy Camargo, teatro, Brasil
63. Farda, fardão, camisola de dormir, Jorge Amado, romance, Brasil
64. Fausto, Goethe, poesia, Alemanha (B,G,H,O)
65. Folhas de relva, Walt Whitman, poesia, EUA (C,H,O,S)
66. Frankenstein, Mary Shelley, romance, Grã-Bretanha (G,M,O,S)
67. Histórias extraordinárias, Edgar Allan Poe, contos, EUA (C,G,M,O)
68. Jubiabá, Jorge Amado, romance, Brasil (A)
69. Longa jornada noite adentro, Eugene O’Neill, teatro, EUA (L,N)
70. Lucíola, José de Alencar, romance, Brasil (B,G)
71. O ateneu, Raul Pompéia, romance, Brasil (B,A,I)
72. O cão dos Baskervilles, Conan Doyle, novela, Grã-Bretanha (M)
73. O feijão e o sonho, Orígenes Lessa, romance, Brasil
74. O fim da infância, Arthur Clarke, romance, EUA
75. O mágico, Summerset Maugham, romance, França
76. O mez da grippe, Valêncio Xavier, romance (?), Brasil
77. O mulo, Darcy Ribeiro, romance, Brasil
78. O nome da rosa, Umberto Eco, romance, Itália (G,L,M)
79. O pagador de promessas, Dias Gomes, teatro, Brasil (B)
80. O quinze, Rachel de Queiroz, romance, Brasil (B,A,S)
81. O reduto, Wilson Lins, romance, Brasil
82. O rei da vela, Oswald de Andrade, teatro, Brasil
83. O retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde, romance, Irlanda (G,M)
84. Obra poética, Bashô, Japão
85. Obra poética, Cecília Meireles, Brasil (B,A)
86. Obra poética, Cruz e Sousa, Brasil (B,A)
87. Obra poética, E. E. Cummings, EUA
88. Obra poética, Ferreira Gullar, Brasil (B)
89. Obra poética, Gregório de Mattos, Brasil (B,A)
90. Obra poética, Vinicius de Moraes, Brasil (B,A)
91. Orlando, Virginia Woolf, romance, Irlanda (F,G,M,O,S)
92. Os cavalinhos de platiplanto, José J. Veiga, contos, Brasil (B,I)
93. Os lusíadas, Camões, poesia, Portugal (H,M,O)
94. Os sertões, Euclides da Cunha, jornalismo literário, Brasil (A,B,G,I,M)
95. Robinson Crusoe, Daniel Defoe, romance, Grã-Bretanha (G,M,O,S)
96. Rubaiyat, Omar Khayyam, poesia, Irã
97. Satiricon, Petrônio, romance, Itália (Roma)
98 Seis personagens à procura de um autor, Luigi Pirandello, teatro, Itália
99. Triste fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto, romance, Brasil (B,A,I)
100. Zorba, o grego, Nikos Kazantzakis, romance, Grécia (C,M)

quinta-feira, 10 de julho de 2008

[49] Inteligências múltiplas

O psicólogo Howard Gardner, da Universidade de Harvard, desenvolveu em 1985 a Teoria das Inteligências Múltiplas. Segundo a teoria dele a inteligência não ficaria circunscrita apenas às habilidades matemáticas e verbais, mas iriam um pouco além. Veja abaixo os tipos de inteligência identificados por Gardner:

Inteligência lingüística - Os componentes centrais da inteligência lingüistica são uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir idéias. Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas. Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas.

Inteligência musical - Esta inteligência se manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente e, freqüentemente, canta para si mesma.

Inteligência lógico-matemática - Os componentes centrais desta inteligência são descritos por Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas Gardner, porém, explica que, embora o talento cientifico e o talento matemático possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que movem as ações dos cientistas e dos matemáticos não são os mesmos. Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a natureza. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio.

Inteligência espacial - Gardner descreve a inteligência espacial como a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido através da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais.

Inteligência cinestésica - Esta inteligência se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada.

Inteligência interpessoal - Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. Ela é melhor apreciada na observação de psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos de outros.

Inteligência intrapessoal - Esta inteligência é o correlativo interno da inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações lingüisticas, musicais ou cinestésicas.
[48] Uso intenso de e-mail leva à queda no QI

Um estudo da TNS Research, empresa inglesa especializada em pesquisa de mercado, comprovou que interrupções constantes para leitura de e-mail ameaçam o QI (Quociente de Inteligência) e a concentração das pessoas.

A pesquisa constatou que pessoas viciadas em e-mail perdem, em média, dez pontos no seu QI. Este valor é substancial. Para se ter uma idéia, é 2,5 vezes superior à perda de pontos que sofrem usuários de drogas.

O levantamento foi realizado com mil pessoas. Ele mostrou índices de sonolência, cansaço e redução da capacidade de focar em uma só atividade em níveis alarmantes. De maneira geral, os participantes reclamaram que a chegada constante de novas mensagens acaba afetando diretamente a produtividade no trabalho.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

[47] Ranking da felicidade

O pesquisador especialista em psicologia social Adrian White da Universidade de Leicester elaborou um Mapa Mundial da Felicidade compreendendo 178 países.

De acordo com a pesquisa a felicidade está estreitamente relacionada à saúde, seguido pela situação econômica e, finalmente, pela educação.

Foram analisados dados de mais de cem publicações elaborados pela UNESCO, CIA, New Economics Foundation e outros. O mapa também é baseado em questionários respondidos por mais de 80.000 pessoas.

As 20 nações mais felizes são:

1. Dinamarca
2. Suiça
3. Áustria
4. Islândia
5. Bahamas
6. Finlândia
7. Suécia
8. Butão
9. Brunei
10. Canadá
11. Irlanda
12. Luxemburgo
13. Costa Rica
14. Malta
15. Holanda
16. Antigua e Barbuda
17. Malásia
18. Nova Zelândia
19. Noruega
20. Seychelles

Outros resultados:

23. Estados Unidos
25. Venezuela
34. Colômbia
35. Alemanha
41. Inglaterra
51. México
56. Argentina
62. França
71. Chile
75. Paraguai
81. Brasil
82. China
83. Cuba
87. Uruguai
90. Japão
115. Peru
117. Bolívia
125. Índia
167. Rússia

Os três menos felizes

176. Congo
177. Zimbáue
178. Burundi

segunda-feira, 30 de junho de 2008

[46] 150 anos de Teoria da Evolução

A Teoria da Evolução de Charles Darwin está completando 150 anos dia 1 de julho de 2008. A teoria, resultado posterior da viagem de Darwin por quase 5 anos por volta de 1836 ao redor do mundo, constata que as espécies evoluem a partir de mutações aleatórias (mudanças aleatórias no código genético, no DNA, na receita de nosso corpo) e da seleção natural (sobrevivem os melhor se adaptam ao meio em que vivem).

Mas o que o futuro reserva à espécie humana? Continuamos os mesmos de 50.000 anos atrás em termos de anatomia e funcionamento do corpo, mas aquele homem comia frutos, raízes e alguma carne de caça, e ficava atento para não ser devorado por algum dinossauro. Raramente ultrapassava os 40 anos de vida. O organismo humano estava adaptado ao ambiente e assim continuou por milênios.

Agora o ambiente mudou radicalmente e não houve tempo para que o homem se adaptasse. Somos sedentários e ingerimos mais calorias do que precisamos. Nossa expectativa de vida se alargou para cerca de 70 anos em média. Veio os entupimentos de artérias, hipertensão, diabetes, obesidade, câncer, doença de Parkinson e mal de Alzheimer. É bem possível que nos adaptaremos a taxas mais altas de gordura, sal e açúcar na comida e no sangue, mas isso pode durar milênios até que isso aconteça.

Mas as alterações no ambiente foram drásticas demais, não impactam só a vida humana, mas todo o funcionamento do planeta. Essas alterações costumam ter um preço que é a eliminação de espécies. Franklin Rumanjeck, da UFRJ diz: “Vivemos uma crença de que somos o ápice da evolução, o que é a maior mentira. Darwin mostrou que somos mais uma espécie, não necessariamente especial. Se olharmos a escala do tempo no planeta, os humanos acabaram de chegar. Talvez sejamos só mais uma das espécies que não deram certo.” Outros especialistas concordam que não podemos abusar dessas alterações, de outro modo estaremos determinando nossa própria extinção. Outro acontecimento possível seria o surgimento de uma nova espécie humana; a especiação seria um uma conseqüência previsível para populações que crescem demais, como somos 6 bilhões, isso pode ocorrer.

Para mim, essas observações não soam absurdas. Como poderíamos ser uma espécie considerada “que deu certo” tendo na história: a exploração e os subsídios dos países desenvolvidos em relação aos demais países, a escravidão negra, o holocausto de milhões de judeus, o modelo capitalista como o que mais se adaptou às nossas características individualistas, as incontáveis guerras, a intolerância religiosa, os sistemas de castas, a fome africana, entre tantos outros episódios que deveriam nos envergonhar?

domingo, 15 de junho de 2008

[45] Como me tornei um estúpido

"Como me tornei um estúpido" é um pequeno livro (nas dimensões mesmo, como os de bolso) de meras 158 páginas escrito pelo jovem francês Martin Page e que conta a história de Antoine, um jovem intelectual de 26 anos cansado do rótulo de inteligente.

Sem saber como deixar de pensar tanto, ler tanto, estudar tanto, refletir tanto, ele decide tentar algumas alternativas.

Primeiro ele tenta se tornar um alcóolatra. Vai até um bar às 8:00 da manhã e tenta tomar lições com um bêbado. A experiência se revela comicamente desastrosa.

A segunda tentativa seria simplesmente dar cabo de sua própria vida: o suicídio. Mais uma vez a tentativa é frustrada.

Então ele parte para a derradeira opção: se tornar um estúpido. Seu amigo médico se recusa a operar seu cérebro para deixá-lo menos inteligente, porém lhe receita um remédio: o Felizac. Depois disso Antoine contacta um velho amigo e decide trabalhar no mercado financeiro. Afastado de seus antigos amigos ele entra vorazmente no mundo do capitalismo que tanto criticava e passa a intensamente DESEJAR coisas.

Sei que muitos não gostarão do final, mas todo fim necessariamente tem que ser bom? Um final que não corresponda às expectativas invalida todo um livro com uma história original? Li e recomendo.
[44] Estômago
Vi ontem Estômago. Excelente roteiro, excelente música. É baseado no conto "Preso pelo estômago" que seria um título muito mais apropriado. O filme usa da temática da culinária para falar sobre talento, disputa pelo poder e ainda sobre nossa eterna busca por algo melhor, num tom ao mesmo tempo cômico e dramático, já que o protagonista (o excelente ator João Miguel) é um nordestino que vem tentar a vida no sudeste e se vê obrigado a cozinhar até sob condições mínimas como em uma cela de prisão (Preso pelo...). É traçado um paralelo entre a culinária e a arte. O filme começa lento mas progride de tal forma que conquista o expectador. Se nunca viu, alugue também Festa de Babete.

domingo, 1 de junho de 2008


[43] Sonho de um tenista aposentado com US$15 milhões na conta bancária.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

[42] A internet me deixou burro demais!
Há quem defenda que os videogames, os computadores, a internet, enfim, as novas tecnologias, contribuam para o desenvolvimento do ser humano. Eu particularmente, não acredito muito que uma criança que passa uma manhã presa em um apartamento jogando videogame esteja se desenvolvendo mais que uma outra que está brincando com seus amigos na rua em frente sua casa, seja soltando uma pipa, jogando futebol ou brincando de pique-esconde. Talvez uma mescla dos dois perfis fosse o ideal, mas certamente uma maneira de brincar não substitui a outra, pois, creio, elas possibilitam o desenvolvimento de habilidades diferentes.
O escritor estadunidense Mark Bauerlein escreveu o livro "The Dumbest Generation", “A geração mais estúpida”, que também tem o seguinte sub-título: "Como a era digital embasbaca os jovens americanos e põe em risco nosso futuro. Ou, nunca confie em ninguém com menos de 30".
No livro o autor defende que essas novas tecnologias são responsáveis pela geração de jovens "superficiais", incapazes de lembrar (e de dar importância a) fatos históricos. "Eles praticamente não lêem. Com toda a informação disponível on-line, como nunca antes na história, eles preferem dedicar uma quantidade inacreditável de tempo a vasculhar vidas alheias e a expor as suas próprias em redes de relacionamento como o Facebook e o MySpace (ou Orkut)", diz.
O filósofo italiano Umberto Eco parece ter opinião semelhante, uma vez que em entrevista ao jornal espanhol "El País" afirmou que "a abundância de informações sobre o presente não permite refletir sobre o passado".
A polêmica está posta. Certamente não é difícil encontrar algum conhecido, parente ou não, utilizando a internet apenas para diversão, de maneira superficial, o que, acredito, também seja aceitável. Para mim o problema é a desproporção com relação a outras atividades mais “nobres”, como uma pesquisa para alargar o conhecimento sobre um assunto, ou, mesmo fora do computador, a leitura de um belo livro.

terça-feira, 20 de maio de 2008

[41] Dunga

O ex-jogador de futebol Dunga, atual capitão da seleção brasileira é uma figura emblemática. Na copa de 90 ficou marcado pelo estigma da "era Dunga" que simbolizava o mal futebol e o fracasso brasileiro naquele torneio. Na copa de 94 ele deu a volta por cima, capitão, liderou o Brasil rumo ao tetra com um time pífio, que talvez só tivesse como destaque o craque Romário. Ele chegou até a bater um pênalti e marcar o gol na final contra a Itália, foi a redenção.

Pois bem, em uma palestra dada em evento do Instituto Bola pra Frente, que é dirigido pelos ex-jogadores Bebeto e Jorginho e que tem a missão de promover o resgate de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos em situação de risco social, ele disse pelo menos duas histórinhas que achei interessante reproduzir. São parábolas simples, porém instrutivas.

FILOSOFIA
"Tem aquele provérbio chinês, dos dois machados para cortar uma árvore. Apressado, o primeiro homem começa logo e passa uma hora até derrubar. O segundo leva meia hora para afiar o machado, mas consegue cortar mais rápido. Quando surge a oportunidade, tem que se estar preparado"

CACHORRO PITOCO
"Dignidade não tem preço. Procuro montar meu grupo em cima disso. Lá no Sul a gente conta a história do cachorro Pitoco, aquele que tem o rabo cortado. Quem não tem rabo, ninguém pega."

sábado, 17 de maio de 2008

[40] Trem da Vida

O texto abaixo é de autor desconhecido, porém é bastante interessante.

TREM DA VIDA

Há algum tempo atrás, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma leitura extremamente interessante, quando bem interpretada.
Isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros.
Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco : nossos pais. Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível... mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós, embarquem.
Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos.
Muitas pessoas tomam esse trem apenas a passeio. Outros encontrarão nessa viagem somente tristezas. Ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.
Curioso é constatar que alguns passageiros que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante o trajeto, atravessemos com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles... só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar.
Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas... porém, jamais, retornos. Façamos essa viagem, então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor, lembrando, sempre, que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com certeza, haverá alguém que nos entenderá.
O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado.
Eu fico pensando se quando descer desse trem sentirei saudades ... acredito que sim. Me separar de alguns amigos que fiz nele será, no mínimo dolorido. Deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos, com certeza será muito triste, mas me agarro na esperança que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram... e o que vai me deixar feliz, será pensar que eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.
Amigos, façamos com que a nossa estada, nesse trem, seja tranqüila, que tenha valido a pena e que, quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem.

domingo, 13 de abril de 2008

[39] Pensar é viajar (Charles Feitosa)

Fazer filosofia é como viajar sem sair do lugar, um movimento subterrâneo imperceptível do corpo. Não se trata de uma "viagem interior", mas de uma nomadização das relações com o mundo, no sentido de viver como um nômade, sem território fixo. Qualquer um, letrado ou iletrado, pode arriscar embarcar nessa experiência. Toda viagem é, a princípio, uma oportunidade excepcional de se encontrar com aquilo que não é familiar, nas suas mais variadas manifestações, desde o clima, vocabulário, comportamentos ou culinária. Trata-se de um mergulho admirado na alteridade. Viajar é, além disso, permitir que a força do inesperado nos arrebate. Quando viajamos abandonamos provisoriamente a segurança de nossas casas e a identidade garantida por nossas propriedades, nosso trabalho e nossa rede de amizades. As viagens ajudam a relativizar as verdades e fazem circular as idéias.

Viajante e filósofo se assemelham na atitude: ambos se desembaraçam da rotina diária de trabalho e diversão e se deixam levar pela atmosfera de admiração pelo mundo. A diferença sutil, mas clara, é que o viajante tende a se surpreender com os aspectos mais inusitados dos lugares que percorre, ao passo que o filósofo se espanta principalmente com os acontecimentos tidos por banais e evidentes à sua volta.

Aquele que viaja por conta própria, ou é exilado à força, é retirado do seu lugar habitual. O hábito é como uma capa ou véu que cobre as questões, as relações e estados de coisas. O hábito é como um cobertor de algodão – cobre todos os cantos e abafa os sons, é anestésico, esconde informações. O hábito faz tudo ficar bonito e tranqüilo. Na viagem ou exílio, em que o cobertor do hábito foi retirado, passamos a perceber de forma mais apurada as coisas e tornamo-nos revolucionários, mesmo que apenas para inventar um novo lugar para morar. Filosofar é migrar voluntariamente, exilar-se da própria casa, da cidade, de si mesmo, retirando a cobertura do habitual que repousa sobre o mundo.

A mais radical imagem do filósofo viajante concentra-se no nome de Nietzsche. Convencido da influência profunda da atmosfera de um lugar sobre a vida e o pensamento, o "profeta sem morada" peregrinou constantemente entre os Alpes e o mar Mediterrâneo, da Itália à França, entre a Suíça e a Alemanha, sempre em busca de regiões não muito quentes no verão e não muito frias no inverno. Em uma anotação da primavera de 1874, Nietzsche recomenda enfaticamente que o aprendiz de filosofia se eduque "através de viagens, na juventude". Mas tudo depende do modo como se viaja. No parágrafo 288 de Humano, Demasiadamente Humano (1886), ele diz que há cinco tipos de viajantes:

1) os que querem mais ser vistos do que ver nas viagens;

2) os que realmente vêem algo no mundo;

3) os que vivenciam alguma coisa em função do que é visto;

4) os que incorporam e carregam consigo as vivências da viagem; e

5) finalmente os de maior força, aqueles que colocam as experiências incorporadas de novo para fora, através de ações e de obras, tão logo retornam à casa.

O segredo da filosofia e de toda viagem está, portanto, na capacidade de deixar se atravessar por aquilo que atravessamos pelo caminho.

domingo, 30 de março de 2008

[38] Blog da viagem ao Chile

Só pra lembrar que temporariamente estou "postando" textos em http://chile-padilha.blogspot.com
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